31 maio 2007

O colapso do ensino superior

Extraído de "O Tempo", 30/05/2007 - Belo Horizonte MG. Artigo de FLÁVIO RIANI.

As transformações recentes na sociedade brasileira geram um mundo de obscuridades e de perspectivas sombrias para os jovens de hoje.

Inicialmente constata-se que os valores tradicionais de uma sociedade civilizada, que já eram frágeis em nosso país, estão num rápido processo de esgotamento. No momento em que o arcabouço institucional-jurídico do país se corrompeu, esgotouse de vez nossa chance de recuperação. Pior ainda é a transformação nociva por que passam nossas universidades e faculdades, principalmente a maioria das particulares.

Uma instituição de ensino deveria ter por objetivo primordial a transferência de conhecimento e aprendizado, num ambiente de respeito mútuo entre professores e alunos. A classe de aula deveria ser vista como um local onde os objetivos são comuns na busca de uma sociedade mais civilizada, mais esclarecida, mais educada e com uma formação acadêmica mais sólida.

A idéia deveria ser a de que, ao sair da instituição, o recém-formado estivesse imbuído desses princípios básicos, simbolicamente representados no seu diploma. Infelizmente, o quadro que se vê é desalentador. Numa boa parte dos casos, as estruturas de ofertas das instituições são precárias, com instalações físicas inadequadas e com professores desqualificados ou mal preparados para o exercício de uma profissão que requer, entre outras coisas, paixão. Ninguém consegue dar aulas se não gostar.

Por outro lado, a banalização e as facilidades do acesso aos cursos mais variados, de má qualidade, tiraram a responsabilidade do aluno bem preparado que requer o curso superior. Hoje, na maioria dos casos, grande parte dos alunos tem dificuldades com operações matemáticas simples e sequer consegue completar o raciocínio dentro de uma frase. Em duas então nem se fala.

Em função disso e da ampliação desenfreada de vagas nos cursos superiores, o ensino superior virou um comércio de um bem de qualidade inferior onde a preocupação com o ensino é apenas um detalhe sem importância.

A maioria dos alunos se engana na ilusão de que o diploma que obterão lhes servirá para alguma coisa ou para sua inserção no mercado de trabalho. Com isso sofrem aqueles professores que honestamente lutam contra essa realidade. Hoje eles sofrem ameaças e revoltas por parte de alunos, à medida que exigem um mínimo de leitura, estudo e dedicação. Que exijam a presença nas aulas então nem se fala. Aula para quê se o que o aluno quer é o diploma?

O grande problema desse processo é que ele é irreversível para o aluno. Após três ou quatro anos de curso, gastando dinheiro e tempo, ele perceberá que tudo foi em vão. E aí a sensação do tempo perdido é dolorosa. Provavelmente nesse momento ele lembrará daquele professor chato, que dava aulas, que exigia leitura e que os fazia estudar. Provavelmente se arrependerá das agressões verbais e às vezes físicas para com os professores e das vezes que ironizava seus conselhos. Aí já será um pouco tarde demais. Que sobrevivam os cursos de boa qualidade e que ainda são muitos.

12 maio 2007

Avaliação de Executivos

O livro Avaliação de Executivos de Harold Koontz retrata as características e dificuldades de um sistema muito usado até hoje para se administrar metas e prazos, e como acompanhar o desempenho dos responsáveis para se alcançá-las.
O livro tem características de um manual, com modelos de formulários e exemplos de aplicabilidade nos apêndices. É válido mencionar que a versão do livro analisada data do ano de 1974, onde muitos conceitos de Administração ainda estavam se consolidando no limiar da era do “Desenvolvimento Organizacional” (D.O.) e dos programas de co-gestão. Relevante mencionar ainda a participação do tradutor através de notas explicativas, seja elucidando casos apresentados à luz da realidade nacional, seja explicitando jargões técnicos com a preocupação de evitar anglicanismo.
A avaliação de executivos fundamenta-se no bom conhecimento do profissional que executará o plano por parte dos seus superiores. Deve-se saber, por exemplo, se as habilidades que este possui correspondem as necessárias à boa execução das atividades e atendimento nos prazos pré-estabelecidos. Como se verá posteriormente, nem sempre isto é factível, dado a arbitrariedade na elaboração e fixação de objetivos. Há diversas variáveis ponderantes na avaliação do executivo, tais como: remuneração, fator sorte, entre outras. Os papéis na organização devem estar bem definidos para que se exista uma perfeita compreensão dos limites de atuação de cada agente no trato de suas responsabilidades.
O momento de avaliar é crucial em todo o programa. O autor destaca o possível mal-estar que pode existir na avaliação de colegas (indivíduos com o mesmo grau hierárquico na organização). Os resultados podem delatar o sistema de spirit-de-córps velado, ou ainda, refletir um clima de acirrada competição existente. Torna-se redundante em se dizer que a necessidade primeira em todo o processo reside na existência de padrões e critérios estabelecidos pela organização para se analisar o desempenho do executivo.
Mas qual o papel do executivo na organização? Segundo a autor, compete ao executivo “(…) escolher alvos e metas, organizar e manter um ambiente que torne possível (…) o bom desempenho de cada um para (se) atingir esses objetivos (… )”. Em síntese, conhecer todo o processo, o todo (na elaboração do texto, recorre-se ao vocábulo germânico umwelt, cujo correspondente é amplamente empregado atualmente através da palavra holos), sob o risco de se cometer injustiças. Alguns dos elementos que pesam na atividade do executivo são listados a seguir:

1. Co-partipação no objeto conhecido por parte dos participantes do grupo;
2. estrutura deliberada de papéis;
3. ambiente que convide ao desempenho (como se tem no exemplo da Administração Participativa). O executivo deve trabalhar sempre com bons colaboradores;
4. remoção de obstáculos ao desempenho (através do esforço pessoal);
5. ambiente claro (de políticas organizacionais. Todavia, o desafio está no ser “claro”, sem ser minucioso);
6. atingir o máximo com o mínimo.

Para se atingir as metas é preciso que a organização e os altos níveis hierárquicos definam parâmetros para avaliar o sucesso, o que não é de simples concepção. Na verdade, esta é a grande essência do livro: o que se pode mensurar através de “objetivos verificáveis”. O autor cita quais papéis que o executivo tem de executar para obter êxito: talento, sorte, vendas, engenharia e oportunidade (vide Carmo-Neto: 1995), mas ressalva que o executivo deve possuir o auto-conhecimento de suas características e discernir se estas coadunam às exigidas para o cargo. O sistema de avaliação baseado em remuneração e outros incentivos de base subjetiva traz problemas para a organização a médio e longo prazo, por criar um ciclo vicioso onde a produtividade cai ao longo do tempo. Os parâmetros indicados para avaliar desempenho devem considerar não apenas o atingimento da meta, mas o “caminho”, o conhecimento e habilidades não-administráveis do executivo. Sob o ponto de vista do autor, o bom executivo deve saber minimizar os problemas, as variáveis “externas”, para atingir as metas. Então, o que se deve avaliar no desempenho do executivo? Os critérios que são apresentados para avaliar os executivos são listados a seguir:

1) Metas (e a inteligência) par a alcançá-las;
2) planejamento para se chegar as metas;
3) o êxito.

Por sua vez, um eficaz sistema de avaliação de executivos exigido da organização deve ser simples e coerente com a organização (evitando os pacotes prontos). Além disso, o sistema deve:

1) medir as coisas certas (o que é relevante: o que é “técnico” ou “sociológico” da profissão);
2) ser operacional (integrar-se ao trabalho, não ser dissociado da operação da organização. Deve avaliar o trabalho, e não traços de personalidade, ou hábitos de trabalho, ou capacidade de comunicação e afinidade com os colegas… Muito distinto da tendência observável atualmente… Segundo o texto, avaliações que ponderam estas características subjetivas são consideradas como “tradicionais”! Alicerçam-se em critérios vagos que vão de “excelente” a “fraco”);
3) ser objetivo (possuir atributos quantitativos e qualitativos. O texto aponta que um sistema objetivo absoluto só existe no meio acadêmico na área de exatas, onde o sistema de notas refelte o desempenho do avaliado);
4) ser aceitável por todos os participantes (aqui é sugerida a avaliação por questionários distribuídos a todos os participantes do processo);
5) ser construtivo (ou seja, ser educativo, ajudando o indivíduo a aperfeiçoar sua capacidade e seu trabalho).

O autor apresenta diversos modelos de avaliação e suas respectivas forças e fraquezas. Porém, é através da contribuição do tradutor que sacramenta-se a necessidade da pesquisa operacional em todos estes modelos para evitar a imprecisão, subjetividade ou retenção em dados secundários (efêmeros para a execução das atividades).

Koontz indica, também, quais os caminhos que se tem percorrido para se desenvolver sistemas de avaliação melhores:

1) Avaliação em Duas Instâncias (tarefa e executor, executivo e avaliadores) - o autor recomenda este método com avaliações periódicas. O tradutor, não obstante, argumenta que é necessário considerar o ambiente cultural e, ainda assim, em algumas oportunidades, esta metodologia pode fracassar;
2) Participação do Alto Escalão - o ponto crítico é o tempo requerido do altas cargos para avaliar os subordinados;
3) Avaliação dos Colegas e Subordinados - em tese, estes indivíduos teria melhor visão do trabalho do executivo, na prática, pode ocorrer o corporativismo, mascarando resultados pífios;
4) Avaliação em Grupo - de pessoas do mesmo grau hierárquico. Similar problemática do item anterior, mas com a vantagem de considerar detalhes que os superiores podem ignorar;
5) Classificação - dos subordinados por características. Este modelo contempla não as diferenças entre as pessoas, mas apenas as ordena diante de um critério estabelecido. É um modelo estatístico, limitado que não corrige situações;
6) Escolha Forçada – escolhe o indivíduo baseado numa lista de atribuições. Reflete o modelo militar, e baseia-se em traços de personalidade observáveis.

As vantagens da avaliação do executivo residem na melhoria contínua da administração para alcançar-se resultados. Mesmo compreendendo que uma das muitas dificuldades em se administrar recursos e pessoas está na delegação de autoridade (nunca de responsabilidade), o livro recomenda uma constante reciclagem de objetivos por executivos e pelos altos escalões da organização. Por fim, as fases propostas no estabelecimento do programa de avaliação de executivos são:

1) Ensino da natureza e filosofia do programa a todos que dele participarão;
2) estabelecimento e divulgação de metas desejadas e estratégias para controle destas;
3) fixação de objetivos (metas não mensuráveis) por parte do alto escalão;
4) determinação, por parte do alto escalão, de resultados esperados e dos respectivos papéis de cada subordinado;
5) estabelecimento de metas individuais verificáveis a serem definidas pelos próprios executores;
6) exame por parte do superior imediato das metas identificadas no item acima.

Em síntese, nota-se uma evidente preocupação do autor com a abordagem não-mensurável no trato de avaliações de objetivos. O autor elenca muitas dificuldades decorrentes do processo, mas reconhece que fatores externos – desconhecidos – têm atuação preponderante em quaisquer que sejam os modelos assumidos. Assim, cabe as organizações adotarem modelos próprios, ajustáveis à cultura interna, considerando sempre a clareza, simplicidade e – na medida do possível – adotando critérios mensuráveis que estejam acordados entre superiores e subordinados.

05 maio 2007

Por que os grupos ambientalistas estão errados sobre o ‘e-desperdício’

(http://idgnow.uol.com.br/mercado/2007/04/30/idgnoticia.2007-04-30.2791496063)
Por Mike Elgan, para o Computerworld*
Publicada em 30 de abril de 2007 às 16h00

Framingham - Autor americano chama atenção para os efeitos maléficos que a reciclagem de eletrônicos pode trazer ao meio ambiente.
Grupos de ambientalistas como Silicon Valley Toxics Coalition, Friends of the Earth e Greenpeace têm freqüentado o noticiário ultimamente reprovando os fabricantes de eletroeletrônicos em geral – e a Apple em particular – por políticas de preservação do meio ambiente consideradas equivocadas.
Eles chamam atenção para a crescente montanha de lixo tóxico entre os PCs, celulares, iPods eoutros eletrônicos e incitam o governo a criar uma regulamentação “verde”.
O problema é real e eu aplaudo estas e outras dúzias de organizações que trabalham para fazer a diferença. Mas o que elas prescrevem para o consumidor – coisas que elas querem que você e eu façamos sobre o ‘e-desperdício’ – é, na verdade, ruim para o meio ambiente. Eu lhe direi o porquê disso em um minuto.
Também vou descrever uma alternativa superior para a reciclagem que elas estimulam. Mas antes disso, vamos revisar o problema.

O problema do lixo eletrônico

A pesquisa Consumer Reports afirma que os americanos jogaram fora cerca de 3 milhões de toneladas de eletrônicos em 2003. Cerca de 700 milhões de celulares já haviam sido jogados fora em todo o mundo, dos quais 130 milhões somente em 2005.
Pior que isso, trata-se de lixo tóxico. Os antigos monitores CRT e os aparelhos televisores têm em média 6 libras de chumbo venenoso, que é a maior fonte de substâncias tóxica. A maior parte dos PCs e eletrônicos de consumo contém circuitos envoltos em metais tóxicos como cromo, zinco e níquel. Mesmo os plásticos contêm retardantes de chama tóxicos.
Um relatório recente feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia analisou a mistura química que é depositada no meio ambiente a partir dos telefones celulares e encontrou chumbo tóxico, cobre, níquel, antimônio e zinco, todos criando sérios danos ao meio ambiente. A Consumer Reports afirma que somente 10% dos PCs descartados são reciclados “de forma responsável”.
Algo como 80% dos eletrônicos descartados são atualmente enviados a uma série de países em desenvolvimento como China, Índia e Quênia, onde a população (inclusive crianças) desmonta os eletrônicos em partes e peças.
O trabalho é perigoso e mal pago, além de ampliar em grandes proporções as ameaças à água e à poluição do solo nesses países, além da poluição do ar globalmente.
Futuras leis na maior parte dos países industrializados irão efetivamente banir essa prática. Teremos que lidar com nosso próprio problema de lixo tóxico no futuro e não simplesmente exportar o problema.

Mas o que devemos fazer sobre isso?

Organizações como The Silicon Valley Toxics Coalition, Friends of the Earth e Greenpeace impulsionam fortemente a reciclagem.
Elas querem que você participe de programas de devolução de baterias ou aparelhos antigos oferecidos pela Dell, HP e Apple ou encontre uma empresa de reciclagem a quem entregar o seu lixo eletrônico.
Essa ênfase exagerada, entretanto, na reciclagem falha ao tirar vantagem da natureza específica dos equipamentos eletrônicos. Os aparelhos são completamente diferentes de outros produtos que reciclamos. Pior que isso, forçar a reciclagem é, na verdade, prejudicial ao meio ambiente, e eu convocaria todos esses grupos a repensar sua obsessão com a reciclagem, pelo menos neste item particular.


Aqui estão cinco razões pelas quais a reciclagem de aparelhos eletrônicos é ruim para o meio ambiente:

1) A reciclagem polui. Diferentemente de outros produtos comumente recicláveis, como latas de alumínio e papel, o processo de reciclagem de eletrônicos é monstruosamente consumidor de tempo, intensivo em mão-de-obra e esbanjador. Reciclar esses aparelhos envolve testar, consertar e reutilizar, desmontar o equipamento e extrair as matérias-primas (como os metais). Cada aparelho deve ser cuidadosamente manuseado nesses processos, que quase sempre resultam em reciclagens incompletas.

2) A reciclagem não reduz a produção dos dispositivos eletrônicos. Pode dar uma sensação agradável remeter todo esse material a um centro de reciclagem, mas ao fazer isso, na verdade, está se incentivando os fabricantes a manter a produção de outros milhões de eletrônicos. Os ambientalistas deveriam estimular os consumidores a exigir que os fabricantes produzam menos, e não mais.

3) Reciclar também pode não funcionar. O processo requer sacrifício individual para o bem coletivo. Quando foi a última vez que isso funcionou? As pessoas reduzem o consumo de gás e compram carros bicombustíveis porque isso é mais barato, não porque eles queiram ajudar o ambiente (com algumas exceções).
Se os ambientalistas esperam que todos se tornem bons cidadãos, terão de esperar por um longo tempo. Eles devem educar os consumidores para que façam suas escolhas de forma a beneficiar tanto a si mesmos quanto o meio ambiente.

4) A reciclagem não melhora os produtos. Uma das grandes contribuições para o e-desperdício é evitar os produtos de má qualidade, que as pessoas descartam porque não funcionam ou elas se cansam deles. Produtos excelentes são mais desejáveis e ficam mais tempo com seus donos.

5) A reciclagem alimenta um dos maiores problemas ambientais: o armazenamento. Grupos ambientalistas estimulam a reciclagem de eletrônicos através da deposição desses dispositivos no lixo. Mas muitos compradores não o fazem. Eu penso que reciclar contribui para isso. As pessoas se sentem estranhas em jogar um celular fora e sabem que devem tentar reciclá-lo. Mas são ocupadas e adiam a iniciativa. Reciclar agora ou daqui a 10 anos, qual a diferença?
Os grupos ambientalistas deveriam estimular que esses eletrônicos saiam das garagens e cheguem às mãos de pessoas que possam usá-los antes que se tornem obsoletos.

Aqui está a solução

Estamos no momento dos ambientalistas pararem de estimular a panacéia de reciclagem e começarem a defender a prática que chamo de ‘reupgrading’ – reciclagem através do upgrade. Essa tática envolve vender os dispositivos quando eles ainda estão praticamente novos e usar o dinheiro para adquirir um aparelho melhor (usado, se possível).
A tecnologia cria o problema do lixo eletrônico e a própria tecnologia fornece a solução. Sites na web como eBay e Craigslist são ideais para comprar e vender eletrônicos usados.
Aqui estão seis razões que mostram que ‘reupgrade’ é melhor que reciclar:

1) Ele recicla os dispositivos de forma mais eficiente. Nesse processo, a energia e o trabalho são mais eficientes. Nada tem de ser processado, nem testado ou desmontado. E o reupgrade tem a vantagem da miniaturização. Celulares, câmeras digitais e media players são menores e mais baratos para transportar (do que o lixo eletrônico).

2) Ele força os fabricantes a fazer menos aparelhos. Ao comprar eletrônicos usados em massa, os consumidores vão fazer com que menos unidades de novos dispositivos sejam produzidos. Essa é a melhor coisa que podemos fazer pelo ambiente.

3) Há a vantagem do interesse próprio. Cada usuário vende seus eletrônicos para financiar sua próxima compra. Eles poderão trocar o aparelho por um mais novo com mais freqüência. Se o seu orçamento para um novo laptop é de 800 dólares, você vai preferir um modelo mais potente por um preço menor, mas usado, ou um novo com menos recursos?

4) Isso pune os fabricantes de produtos de má qualidade. Na medida em que as pessoas encontrarem mais produtos usados de melhor qualidade que alguns novos à venda, isso vai fazer com que as empresas trabalhem mais arduamente para atender o mercado. Desta forma, vai aumentar a qualidade média dos itens de cada categoria, assim como sua vida útil.

5) O processo endereça o principal problema: armazenamento. Ao vender esses dispositivos para comprar novos, você está motivado por um interesse próprio para que aquele aparelho saia de sua casa enquanto ele ainda é usável.

6) Ele pressiona os centros de reciclagem. Muitos dos dispositivos levados aos centros de reciclagem passarão a ser usados por outras pessoas em outro lugar, mas somente depois de um custoso e pouco amigável processo.

Mas o principal efeito do processo é psicológico. As pessoas têm sido condicionadas pelo marketing de que querem produtos novos. Mas parte deles está iludido – nós já estamos usando produtos usados. Operadoras já vendem celulares “recauchutados”. Freqüentemente, quando um fabricante substitui uma unidade danificada, ela lhe envia um telefone usado. Ajudaria se os ambientalistas estimulassem essa noção na população.