Em nenhuma outra época a humanidade vivenciou tantos paradoxos em tão curto espaço de tempo como nas últimas décadas. O crescente investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte de organizações hegemônicas impulsionou a assunção da tecnologia como plataforma básica para uma nova era, onde muitos conceitos foram revistos.
No campo da educação, as transformações foram ainda mais significativas. A sala de aula passou a ser um meio, entre os muitos existentes, onde o saber é transmitido em uma via de mão dupla. A complexa teia formada, mediada por aparatos tecnológicos, possibilitou a ruptura com a clássica estrutura, onde se identificava com nitidez os papéis dos professores - detentores do saber - e dos alunos.
A nova dinâmica introduzida ao processo de ensino e aprendizado traduziu-se em conceitos como co-autoria do saber e formação contínua, justapondo professores e alunos em um processo indeterminado de construções e desconstruções de saberes.
No novo paradigma, os educadores perseveram como responsáveis pela promoção do pensar crítico dos educandos, mas com compromisso também de possibilitá-los a interagir, cada vez mais, de uma forma colaborativa e integrada. Variação do construtivismo, o aprendizado colaborativo compele os educadores a trabalhar com a realidade de mundo dos educandos, diferenciando-se por exigir como mídia as novas tecnologias de informação.
A tecnologia é merecedora de destaque do campo do ensino, não apenas pelo efeito portentoso que encerra em si mesma, mas por permear o intercâmbio do conhecimento, a qualquer momento e em qualquer lugar, fundamentos da lógica empresarial.
A chamada Educação Just-in-Time (JIT) - resultante de correntes como o Aprendizado JIT, sugerido por McConnell & Hammond (1998), e o Ensino JIT (Novak & Peterson, 1998) - surge como decorrência da necessidade de se instrumentalizar os profissionais com técnicas de gestão ambientadas em um ambiente competitivo que requer o aprendizado contínuo, não-linear e instantâneo.
O desafio da educação na área empresarial não é menos complexo, se comparado aos outros campos do conhecimento, mas é repleto de particularidades. Uma das vertentes advindas são as simulações do processo decisório em ambiente tecnológico.
Vastamente usado pelas principais escolas de administração em todo o mundo, os chamados jogos de empresas eclodem em profusão como técnicas contemporâneas que propiciam o estudo de elementos da prática empresarial. Contudo, a arquitetura dos aplicativos desenvolvidos revela-se ainda rudimentar, por ainda não entremear conhecimento e experiências dos agentes de educação, demonstrando ser uma mera replica do ensino tradicional, ancorado em estudos de casos apoiados pela tecnologia.
Para o uso diligente de artefatos tecnológicos, cabe aos educadores apoiar-se em plataformas que possibilitem o enriquecimento do diálogo com o educando através de interações colaborativas geridas em sistemas abertos a propostas inusitadas, não contempladas na lógica de linhas de programação, o que está apenas em fase de discussão.
Faz-se necessário que os educadores utilizem as novas tecnologias com objetivo de estimular a construção do aprendizado e proporcionar a autodireção do aprendizado pelos educandos, sem abrir mão das relações face-a-face como meio valorativo do aprendizado e da construção de relações simbióticas, tão presentes e necessárias ao desenvolvimento de profissionais no mundo dos negócios.
Dentro de rígidos sistemas informativos parametrizados, delineai-se uma perspectiva simplista de se capacitar indivíduos para desdobramentos de uma realidade previsivelmente pouco ousada. É preciso mais que isso para se caracterizar uma relação de ensino e aprendizado. Como disse Nietzsche: "É preciso navegar. Deixando atrás as terras e os portos dos nossos pais e avós, nossos navios têm de buscar a terra dos nossos filhos e netos, ainda não vista, desconhecida".
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