02 julho 2006

Responsabilidade Empresarial


Quando se fala em responsabilidade social, vem-se logo a mente o apoio a iniciativas assistencialistas, que auxiliam pessoas carentes e desassistidas pelas autoridades. Mas a responsabilidade social, antes de ser uma atividade externa, é também uma atitude interna.

Lamentavelmente, constata-se que uma significativa parcela do empresariado, está mais preocupada com a repercussão favorável na sociedade dos programas sociais desenvolvidos do que, necessariamente, com a profundidade, a legitimidade, o alcance e as implicações deste tipo de iniciativa.

Não é novidade para os Brasileiros perceber as contradições e dicotomias reinantes no país, que vive no limiar da pobreza e da opulência. Com tantos contrastes é de se esperar que várias visões coexistam não sendo possível determinar se uma proposta de intervenção social seja melhor que a outra.

Muitos profissionais têm trabalhado quase que exclusivamente nas grandes corporações da iniciativa privada, o chamado “segundo setor”, com ações sociais para se incrementar a qualidade de vida de indivíduos à margem da sociedade.

É indevida nesta análise querer pontuar em que momento se iniciou este “despertar do empresário” para com a causa social, se em função da mais que louvável e gloriosa trajetória de lutas do saudoso Hebert de Souza, o Betinho, ou no passado remoto (?) nacional, quando se barganhava votos por dentaduras, emprego... O fato é que ser “socialmente responsável” é bom, está na moda e conquista a simpatia de clientes!

As grandes empresas – contando com o privilégio da disponibilidade de recursos, pessoas e tecnologias – já possuem muitos projetos voltados para a área sócio-ambiental, mas e as pequenas empresas? “- Com todas as limitações de dinheiro, pessoas e estrutura, será que não se pode fazer nada pelos mais pobres e desafortunados?”, foi a pergunta que me fez um proprietário de um pequeno supermercado na periferia de uma capital do nordeste. Claro que a resposta foi sim, mas o que o deixou desconcertado foi saber como e por quem começar! Você já sabe, não?

O que se pode dizer de uma empresa que investe no “social e no meio ambiente”, mas negligencia o cumprimento das questões trabalhistas? Pode uma empresa responsabilizar-se pelo entorno social e relegar ao segundo plano o bem-estar dos seus trabalhadores?

Vamos deixar de questionar se a legislação é boa ou não, se está adequada aos tempos atuais ou defasada, porque se assim o fosse, a discussão se resumiria empurrar o problema para o governo. Na condição de empresário e, antes de tudo, de cidadão, o nosso papel não é, simplesmente, esperar que as coisas aconteçam pelas mãos do governo.

Cabe uma atenção maior para a prática empresarial, além do se requere minimamente pelas leis em vigor. Neste ponto, o meu amigo empresário bradou: “- mas se eu for observar toda a lei trabalhista, eu não faço mais nada!”. Este é um dos pontos importantes para ser “socialmente responsável”, porém não é o único.

Não dá para se falar em ajudar os meninos de rua, se na própria empresa os empregados sentem-se marginalizados, trabalhando e vivendo sem a alegria que o empresário levar as famílias carentes no Natal.

O bom clima no ambiente de trabalho é de responsabilidade do empresário. Fazer da empresa um ambiente propício à inovação e à criatividade é tão importante quanto pensar no desenvolvimento da sociedade. Aliás, são condições muito ligadas uma a outra: sem inovação não há crescimento e, por conseguinte, inviabilizam-se as condições mínimas para o exercício da cidadania. Pense nisso! E aja em respeito aos cidadãos que diariamente contribuem para o desenvolvimento da sua empresa.

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