05 julho 2006

As funções do OSM

Na estrutura clássica empresarial, cabia ao profissional de Organização e Métodos (O&M) a meticulosa estruturação das rotinas comunicacionais e dos processos administrativos, principalmente nas organizações de grande porte.

Nas pequenas empresas, havia pouco espaço para este tipo de profissional desenvolver as suas atividades, fosse pelo desconhecimento da natureza do seu trabalho por parte do empresário, ou ainda pelo impacto dos seus vencimentos mensais na folha de pessoal. De todas as formas, seria mais uma das múltiplas funções administrativas que o empresário deveria exercer! Graças à disseminação do uso de microcomputadores a partir dos anos 80 do século XX, tornou-se até mais fácil para qualquer “curioso”, sem grandes conhecimentos técnico-gerenciais, a desenvolver por conta própria formulários e modelos de circulares, entre outros instrumentos normativos.

Neste mesmo período, a função do profissional que tratava dos processos e estruturas organizacionais passou a incorporar a letra “s”, correspondente a “sistemas”, consolidando a denominação de “Organização, Sistemas e Métodos” (OSM). Não obstante, aos ouvidos dos incautos, soa ainda hoje pomposo: “o departamento de OSM precisa revisar e propor uma nova norma zero para a Instituição”, ou ainda “o OSM está elaborando um funcionograma para a empresa”. Para o microempresário, alheio ao jargão administrativo, pode aparentar mais uma sofisticação típica das grandes empresas dispostas e com condições de investir em serviços que sequer imaginava dispor. Mas, afinal, quais são as funções e qual o papel do OSM em uma empresa?

A natureza do trabalho do analista de OSM gira em torno do estudo das estruturas e os processos organizacionais. Em outras palavras, cabe ao profissional analisar a estrutura e os procedimentos administrativos em uma empresa com o objetivo de otimizar o fluxo de trabalho e de informações. Ao contrário do que se imagina, a essência do trabalho não consiste em aplicar métodos burocráticos que emperram a empresa, mas em desenvolver uma visão crítica acerca da distribuição de trabalho ao longo da estrutura de negócio.

Os empresários que, eventualmente – mas não continuamente – contaram com o apoio de um profissional de OSM, acham que no final das contas o trabalho deste analista se resume a elaborar manuais e normas. Entretanto, é bem mais que isso.

A racionalização dos fluxos de processos exige conhecimento apurado dos sistemas de informação corporativo. Você é capaz de estabelecer a diferença, por exemplo, entre dados e informações? Pois saiba que este é um dos pilares para a tomada de decisão eficaz. O analista de OSM, conhecedor dos conceitos, consegue identificar onde são gerados, armazenados e redistribuídos os dados e quem são os responsáveis pela alimentação do fluxo informacional na empresa. Ou seja, a decantada “inteligência competitiva” (business intelligence), pois, apesar de estar fortemente ligado a aspectos mercadológicos, inicia-se a partir de uma abordagem de sistemas e métodos.

Na área de qualidade, então, a contribuição do OSM é enorme. Desde o final da década de 90, por força da legislação no Brasil, as empresas de engenharia e terraplanagem que desejem participar de concorrência, tomadas de preço e processos licitatórios devem obter certificação de qualidade da série ISO, que se pauta na normalização dos procedimentos operacionais. Outras certificações, também pautadas em rígidos métodos de normalização, são exigidas as empresas que desejem exportar para países da Europa e América do Norte.

Entre as grandes corporações atuando no território Brasileiro, é cada vez maior a quantidade de interessadas em participar do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), cujos rigorosos indicadores de excelência demarcam um alto padrão de excelência nos processos. Para isso, requer-se uma ótima definição e delegação de competências ao longo dos processos organizacionais.

Mesmo que não o objetivo da organização obter selos de qualidade ou internacionalizar as operações, o OSM deve ser percebido como uma função administrativa estratégica que possibilita harmonizar os fluxos produtivos, por aperfeiçoar os processos empresariais, desde a concepção do negócio até o estudo dos indicadores de sucesso e competitividade.

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Nenhum comentário: